Talento é inato, sorte....é sorte. O que está a nosso alcance?
Caminho do sucesso
Além das qualidades pessoais mostradas em nossa conversa anterior, que mais podemos fazer para termos sucesso? Essa é uma questão que tem sido investigada nas pesquisas sobre a psicologia do sucesso. Todas as pesquisas mostram que, qualquer que seja o campo de atuação do entrevistado, as pessoas bem-sucedidas têm talento e, também, sorte.Mas também mostram que há muitos casos de estrelas promissoras (artistas, atletas, profissionais, empreendedores, etc.) que desistiram ou perderam o interesse antes de concretizarem seu potencial. Então, além de talento e sorte, existe algum outro fator que conduz as pessoas ao sucesso.
Quer saber mais? Continue comigo.
Vamos começar com uma história pessoal. Quando meus avós se mudaram para Belo Horizonte, trouxeram uma empregada, Amélia, que era viúva com duas crianças pequenas, algo como 6 e 5 anos: Pedro e Alexandre. Moravam numa casa anexa à casa de meus avós. Eu, adolescente, sempre que ia visitar meus avós, gastava um tempinho jogando bola com as crianças no quintal. Os anos se passaram, meus avós faleceram, cada um seguiu seu caminho, até que após muitos anos encontrei a Amélia numa avenida no centro de BH. Já nos sessenta anos, uma morena bem vestida e elegante, com seus cabelos grisalhos. Após os cumprimentos, começamos a atualizar as notícias. E o Pedro? Ela respondeu: Se formou em engenharia civil e hoje comanda uma obra na Bolívia. E o Alexandre? Graduou-se em advocacia, fez concurso e hoje é delegado no Sul de Minas. Demonstrei minha admiração: Amélia, como você conseguiu isso tudo? Eu não disse explicitamente, mas ela entendeu que havia uma continuação da frase: “como empregada doméstica”. Nessa hora, ouvi uma frase que me deixou sem resposta: “Eduardo, você não sabe o que consegue um pobre com ambição de vencer!” Algo mais precisa ser dito?
Aprendi, naquele momento que há um elemento importantíssimo, mostrado pelas pesquisas, que leva as pessoas a não desistirem e seguirem em frente, mesmo depois de um fracasso. As pessoas bem-sucedidas são modelos de perseverança, ou seja, elas têm garra. A questão, então, passa a ser porque, ao contrário de muitas pessoas, estas eram tão obstinados em seus objetivos?
Descobriu-se que cada uma dessas pessoas tinha na cabeça algum objetivo de interesse e importância extraordinários e que considerava a busca tão gratificante quanto a conquista. Ou seja, eram mais persistentes e esforçadas do que a média e sabiam, lá no fundo de si mesmas, o que desejavam. Tinham, além da perseverança, um sentido de direção. Podemos, então, dizer que tinham paixão pelo que faziam.
De forma geral, as pessoas costumam atribuir àquelas naturalmente talentosas maior probabilidade de serem bem-sucedidas e fazerem carreira. É o chamado “viés do talento”, que leva as pessoas a demonstrarem admiração por aqueles que, em seu entender, conquistaram o que têm graças a um talento natural. Isso, no entanto, esconde determinado sentimento de autoindulgência e um preconceito oculto contra aqueles que chegaram onde estão porque se esforçaram. Ou seja, ele conseguiu porque tem talento. Como não tenho, o que posso fazer?
É a piadinha sarcástica do humorista: “o sucesso de meu amigo sempre me mata um pouquinho”.
O que significa “talento”? No sentido mais geral, talento é a soma de aptidões de uma pessoa, de seus dotes intrínsecos, habilidades, experiências, inteligência, discernimento, atitude, caráter e motivação. Envolve também a capacidade de aprender e de se desenvolver. É muito difícil definir talento com precisão.
Isso posto, vem duas questões. Primeira, será que todos nós temos o mesmo nível de talento? Segunda, sem talento natural não podemos obter sucesso? A resposta para as duas questões é não.
É claro que as diferenças pessoais em talento e experiência contam muito. No caso dos esportes, características físicas adequadas são fundamentais para o sucesso. Se assim não fosse, todos os atletas com ótimo preparo físico seriam astros em seus esportes. Outros elementos também são importantíssimos. Vendedores experientes têm mais chance de permanecerem no emprego que os novatos. Na educação, a participação do professor aumenta muito a chance de alunos terem boa formação.
As pessoas que supervalorizam o talento acreditam que o caminho do sucesso passa somente por talento. Como representa a figura, a relação entre o sucesso e o talento é direta. Para alcançar o sucesso, precisa ter talento.
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No entanto, as pesquisas mostram que o caminho não é bem esse. Um sociólogo americano Dan Chambliss escreveu: “Um desempenho superlativo é, na verdade, uma confluência de dezenas de pequenas qualificações ou atividades, inatas ou aprendidas pela prática, que foram cuidadosamente transformadas em hábito e, mais tarde, reunidas num conjunto. Não existe nada de extraordinário ou sobre-humano em qualquer desses atos; o que produz excelência é o mero fato de serem realizados de forma sistemática, correta e ao mesmo tempo”.
Se apenas o talento não basta para explicar o sucesso, o que está faltando?
Charles Darwin dizia que” salvo os idiotas, os homens não diferem muito em intelecto, apenas em empenho e trabalho duro”. Há uma frase famosa que você já deve ter escutado: “sucesso é construído com 90% de transpiração e 10% de inspiração”, porcentagens, talvez, um pouco exageradas. Ou seja, a obtenção do sucesso passa também por trabalho duro e constante.
Estudos em psicologia do sucesso mostram que o caminho se assemelha muito mais ao representado na figura abaixo. A relação entre o talento e o sucesso passa pela aplicação de esforço e não é um caminho direto. Os fracassos são inevitáveis.
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Nesse modelo de construção do sucesso, o talento pode ser compreendido como a rapidez com que as habilidades de uma pessoa aumentam quando ela se esforça. Êxito acontece quando essa pessoa utiliza as habilidades adquiridas.
É evidente que forças externas ajudam muito na transformação do talento em habilidade, por exemplo, a sorte, um excelente professor, etc. Mas, segundo a teoria da psicologia do êxito, quando consideramos duas pessoas em circunstâncias idênticas, o resultado obtido por cada uma delas depende somente de duas coisas: talento e esforço.
O psicólogo Will Smith: “A separação entre talento e habilidade é um dos maiores equívocos cometidos pelas pessoas que tentam se destacar, que têm sonhos, que querem realizar coisas. Talento é um dom inato. A habilidade é desenvolvida durante horas e horas de treinamento em seu ofício. ”
Da mesma forma que habilidade não é sinônimo de sucesso. Sem esforço, seu talento não passa de um potencial não concretizado. Sem esforço, sua habilidade não passa do que você poderia ter feito mas não fez. O esforço torna a habilidade em fator produtivo.
Concluindo, podemos dizer que independentemente de seu grau talento, você poderá construir o sucesso na sua carreira desde que tenha garra. Na nossa próxima conversa, vamos mostrar uma forma de você avaliar sua garra e como aumentá-la.